domingo, 25 de setembro de 2011

Eu, assim sendo.



"Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti

e perdi-me,

Quando quis tirar a máscara,

Estava pregada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido,

Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha
tirado."

(Fernando Pessoa)



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Não foi culpa minha, ou talvez tenha sido, mas também não foi culpa de ninguém eu ter me tornado assim. A gente não tem domínio de nada, nem sequer de nós mesmos, o mundo vai girando e a nossa obrigação é se adaptar aos imprevistos, as ocasiões, as desilusões e até mesmo à, mais perigosa de todas... a ilusão. E foi numa dessas adaptações que eu me tornei nisto aqui, nesse misto de transparência e camuflagem, nesse choque de medo e de coragem, nessa vista para um mundo que não é exatamente o nosso. Mas que é meu e por ser meu eu te incluo nele, e assim voltamos a fazer parte do mesmo mundo.


Não foi culpa minha, eu nem sequer sei quando me tornei isto aqui. Mas hoje sou de bom grado, afinal nunca se sabe o quanto as coisas podem piorar e creio que ser eu não seja tão ruim assim, algumas vezes rolam lágrimas excessivas... e sorrisos excessivos... e duvidas excessivas, mas vez ou outra aparece também a certeza comovente, o sorriso encantador e das lágrimas as mais gostosas de chorar... a por amor. Que por mais que seja dor, o seu motivo, ainda sim é amor.E amar significa ser mais e melhor, ser capaz, estar disposto a mudar o mundo e permitir que o mundo lhe modifique. Ando suspeitando que amei demais por isso mudei demais, mas não me arrependo nem um pouco, mesmo sabendo que se me arrependesse ainda sim nada poderia fazer. Sou apenas serva do meu mestre e ele me guia em seu caminho.


Perdoi-me se depois de algum tempo você notar que o meu eu não te agrada. Na verdade ele não agrada , sempre, nem a mim mesma que o visto e o interpreto. E aí de mim se não o interpretasse, afinal não sei fazer outra coisa. Ser eu me consome muito tempo, muita dedicação e sacrificios. E ganho todos os dias, como recompença, um enorme prazer de viver, uma vida linda me saudando de forma exuberante e chamando-me para partilhar de sua euforia. E mais uma vez lá vou eu, cumprir o meu trato com vida. Vou lá sem pena nenhuma, tentar ser feliz. E sou até que qualquer coisa, por um insignificante segundo me prove o contrário.

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