Ela não sabia nada sobre ele, ela nem sequer tinha o visto
antes, mas naquele momento sentia como se o conhecesse há anos, sentia uma
tranqüilidade imensa e um sorriso se alargava em seu rosto sem que ela
percebesse – Esse é um dia como qualquer
outro – Era assim que ela pensava todos os dias, até que as coisas
começaram a mudar. Ela passara a sentir uma curiosidade sutil que ocupava sua
mente e uma ansiedade imperceptível que agitava a sua alma e que iria
acompanhá-la durante um ano inteiro. Porém a curiosidade cessaria logo, daria
lugar a outro tipo de sentimento, um sentimento que ela nunca se permitiu
denominar.
O Destino com suas providencias
ia costurando lentamente uma história, sendo assim ele foi aproximando as duas
vidas ao decorrer do tempo. A princípio eram apenas dois conhecidos e a cada
encontro um sorriso invadia o rosto dela fazendo com que ela o cumprimentasse
da forma mais sincera possível, o que lhe deixava intrigada, pois era
automático, era como se a presença dele pudesse despertar um sorriso nela a
qualquer momento independente do lugar e da hora. Independente de qualquer
outra coisa, ela simplesmente sorria. Mas ao contrário do que alguns podem
estar imaginando ela não sentia nada de coração batendo euforicamente, pernas
tremendo e todas aquelas coisas que alguns dizem sentir quando estão
apaixonados, ela não sentia nada mais do que uma tranqüilidade momentânea e um
conforto. Nada mais. Depois, por algum motivo e de alguma forma os dois
tornaram-se amigos. E é justamente aí que começa todo o problema.
Alguns telefonemas no meio do dia - nada pra
fazer, já sei pra quem ligar
– E com o decorrer do tempo as conversas de tornaram maiores e mais
interessantes, eles passaram a saber quase tudo sobre o outro sem que houvesse
pressão ou algo do tipo, tudo ocorreu naturalmente, como se fosse uma
necessidade. E sem ser dito, muitos outros detalhes de personalidade foram
observados e em determinados momentos comentados, discutidos e o melhor de
tudo, algumas vezes... Modificados. E
não pense que essas modificações era pra satisfazer o gosto alheio e sim porque
ambos percebiam a necessidade de mudança. E ambos desejavam ser melhores, um
para o outro e para si mesmo. A presença alheia acabou se tornando essencial
nos dias dos dois, mas não pensem que tudo era flores e entendimento, confiança
e lealdade... Não, não era bem assim. Houveram brigas, erros, discussões
terríveis, mas no final de tudo cada um esquecia a magoa e continuava a
história dessa amizade. Numa dessas brigas houve quem dissesse ter cansado, ter
julgado o outro egoísta e sem sentimento – Não pensa em ninguém, apenas nele –
E houve também quem declarasse que o outro era totalmente incrédulo a qualquer
tipo de coisa e pessoa.
Mas antes que essa historia acabe
um deles irão perceber que ambas as acusações estão totalmente equivocadas.
Em relação à primeira acusação,
ela foi declarada a um terceiro personagem da história e em meio a essa
conversa ela ficou sabendo do que tinha acontecido alguns dias antes:
“- Vocês já tinham discutido quando decidimos sair juntos um dia desses
e um cílio caiu em meu rosto, juntamos os dedos e fizemos um pedido. Como de
costume... no dedo da pessoa que o cílio permanecesse seria a qual o pedido se
realizaria. O cílio permaneceu no meu dedo,
Ele disse: eu já sabia que o seu se realizaria
Eu: Por quê?
Ele: Porque o meu pedido não poderia se realizar, não tinha como.
Eu: o que você pediu?
“Ele: Pra que ela estivesse aqui
conosco.”
Ela não tinha o que responder,
ele já tinha dito algumas coisas parecidas outras vezes, mas ela nunca
acreditou, porém aquilo fez com que ela pela primeira vez acreditasse num
sentimento que não viesse dela mesma. Ela, se retratou... “ele não é tão egoísta
assim”. Mesmo assim sempre que ele perguntava se ela acreditava nele ela se
calava, até no dia que ele deixou de perguntar e apenas afirmava aquilo. Mas
isso não abalou em nada a amizade deles, pelo menos que ela saiba. Outras
provas de carinho foram aparecendo dos dois lados. E ela confiava cada vez mais
nele. E foi aí, justamente na melhor parte da historia, onde poderia haver algo
que surpreendesse ou emocionasse o leitor que o destino se deu por satisfeito.
Achou melhor que as duas vidas se separasse novamente com a desculpa que a
missão na vida um do outro tinha terminado. Qual era a missão dela? Permitir
que ele se tornasse melhor e mais forte para o que a vida ainda reservava pra
ele. Qual era a missão dele? Fazer com que ela acreditasse em amizades sinceras,
sorriso fácil e cativante, confiança e presenças agradáveis. Ao saber disso,
ela desejou ser a pessoa mais incrédula do mundo pra que e a missão dele na sua
vida se tornasse eterna, mas não foi isso que aconteceu. Alguns segundos depois
dela ter percebido isso apareceu um THE END no final da página, pois é... A
historia acabou. Exatamente, assim... Sem mais nem menos. Nenhum de nós sabemos
até hoje o motivo dessa separação tão abrupta, de maneira que tudo aquilo, toda
uma amizade firme e coerente se transformou em um nada, em um deserto de areia
e lembrança. E para poupar vocês de uma dúvida infernizante (se é que vocês são
curiosos) muita coisa nessa historia não foi relatada, pois aqueles que tiveram
uma amizade verdadeira um dia, sabem exatamente o resultado de um final
inesperado, literalmente.
Ela e ele? Tudo o que posso lhe
dizer é que hoje são dois estranhos, ele não arranca dela um misero sorriso,
apenas por ser essa pessoa indiferente ao mundo, ela já não o conhece. E vice-versa.
Mas para aqueles que preferem ver o lado bom das coisas, é necessário que se
diga que com a saída dessa amizade na vida dela outra tomou lentamente o lugar
e ela prefere não pensar no fim. Na vida dele aconteceu o mesmo, só não posso
lhe garantir que a risada dessa nova historia será tão intensa.
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