domingo, 9 de outubro de 2011

Assim, Inutilmente declarado



      Ela não sabia nada sobre ele, ela nem sequer tinha o visto antes, mas naquele momento sentia como se o conhecesse há anos, sentia uma tranqüilidade imensa e um sorriso se alargava em seu rosto sem que ela percebesse – Esse é um dia como qualquer outro – Era assim que ela pensava todos os dias, até que as coisas começaram a mudar. Ela passara a sentir uma curiosidade sutil que ocupava sua mente e uma ansiedade imperceptível que agitava a sua alma e que iria acompanhá-la durante um ano inteiro. Porém a curiosidade cessaria logo, daria lugar a outro tipo de sentimento, um sentimento que ela nunca se permitiu denominar.
     O Destino com suas providencias ia costurando lentamente uma história, sendo assim ele foi aproximando as duas vidas ao decorrer do tempo. A princípio eram apenas dois conhecidos e a cada encontro um sorriso invadia o rosto dela fazendo com que ela o cumprimentasse da forma mais sincera possível, o que lhe deixava intrigada, pois era automático, era como se a presença dele pudesse despertar um sorriso nela a qualquer momento independente do lugar e da hora. Independente de qualquer outra coisa, ela simplesmente sorria. Mas ao contrário do que alguns podem estar imaginando ela não sentia nada de coração batendo euforicamente, pernas tremendo e todas aquelas coisas que alguns dizem sentir quando estão apaixonados, ela não sentia nada mais do que uma tranqüilidade momentânea e um conforto. Nada mais. Depois, por algum motivo e de alguma forma os dois tornaram-se amigos. E é justamente aí que começa todo o problema.
    Alguns telefonemas no meio do dia - nada pra fazer, sei pra quem ligar – E com o decorrer do tempo as conversas de tornaram maiores e mais interessantes, eles passaram a saber quase tudo sobre o outro sem que houvesse pressão ou algo do tipo, tudo ocorreu naturalmente, como se fosse uma necessidade. E sem ser dito, muitos outros detalhes de personalidade foram observados e em determinados momentos comentados, discutidos e o melhor de tudo, algumas vezes...  Modificados. E não pense que essas modificações era pra satisfazer o gosto alheio e sim porque ambos percebiam a necessidade de mudança. E ambos desejavam ser melhores, um para o outro e para si mesmo. A presença alheia acabou se tornando essencial nos dias dos dois, mas não pensem que tudo era flores e entendimento, confiança e lealdade... Não, não era bem assim. Houveram brigas, erros, discussões terríveis, mas no final de tudo cada um esquecia a magoa e continuava a história dessa amizade. Numa dessas brigas houve quem dissesse ter cansado, ter julgado o outro egoísta e sem sentimento – Não pensa em ninguém, apenas nele – E houve também quem declarasse que o outro era totalmente incrédulo a qualquer tipo de coisa e pessoa.
Mas antes que essa historia acabe um deles irão perceber que ambas as acusações estão totalmente equivocadas.
Em relação à primeira acusação, ela foi declarada a um terceiro personagem da história e em meio a essa conversa ela ficou sabendo do que tinha acontecido alguns dias antes:
“- Vocês já tinham discutido quando decidimos sair juntos um dia desses e um cílio caiu em meu rosto, juntamos os dedos e fizemos um pedido. Como de costume... no dedo da pessoa que o cílio permanecesse seria a qual o pedido se realizaria. O cílio permaneceu no meu dedo,
Ele disse: eu já sabia que o seu se realizaria
Eu: Por quê?
Ele: Porque o meu pedido não poderia se realizar, não tinha como.
Eu: o que você pediu?
“Ele: Pra que ela estivesse aqui conosco.”

          Ela não tinha o que responder, ele já tinha dito algumas coisas parecidas outras vezes, mas ela nunca acreditou, porém aquilo fez com que ela pela primeira vez acreditasse num sentimento que não viesse dela mesma. Ela, se retratou... “ele não é tão egoísta assim”. Mesmo assim sempre que ele perguntava se ela acreditava nele ela se calava, até no dia que ele deixou de perguntar e apenas afirmava aquilo. Mas isso não abalou em nada a amizade deles, pelo menos que ela saiba. Outras provas de carinho foram aparecendo dos dois lados. E ela confiava cada vez mais nele. E foi aí, justamente na melhor parte da historia, onde poderia haver algo que surpreendesse ou emocionasse o leitor que o destino se deu por satisfeito. Achou melhor que as duas vidas se separasse novamente com a desculpa que a missão na vida um do outro tinha terminado. Qual era a missão dela? Permitir que ele se tornasse melhor e mais forte para o que a vida ainda reservava pra ele. Qual era a missão dele? Fazer com que ela acreditasse em amizades sinceras, sorriso fácil e cativante, confiança e presenças agradáveis. Ao saber disso, ela desejou ser a pessoa mais incrédula do mundo pra que e a missão dele na sua vida se tornasse eterna, mas não foi isso que aconteceu. Alguns segundos depois dela ter percebido isso apareceu um THE END no final da página, pois é... A historia acabou. Exatamente, assim... Sem mais nem menos. Nenhum de nós sabemos até hoje o motivo dessa separação tão abrupta, de maneira que tudo aquilo, toda uma amizade firme e coerente se transformou em um nada, em um deserto de areia e lembrança. E para poupar vocês de uma dúvida infernizante (se é que vocês são curiosos) muita coisa nessa historia não foi relatada, pois aqueles que tiveram uma amizade verdadeira um dia, sabem exatamente o resultado de um final inesperado, literalmente.

Ela e ele? Tudo o que posso lhe dizer é que hoje são dois estranhos, ele não arranca dela um misero sorriso, apenas por ser essa pessoa indiferente ao mundo, ela já não o conhece. E vice-versa. Mas para aqueles que preferem ver o lado bom das coisas, é necessário que se diga que com a saída dessa amizade na vida dela outra tomou lentamente o lugar e ela prefere não pensar no fim. Na vida dele aconteceu o mesmo, só não posso lhe garantir que a risada dessa nova historia será tão intensa. 

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