sexta-feira, 9 de março de 2012

Pequenino




“Oi menino” – Da ultima vez que você veio aqui ainda era um menino. Da ultima vez que nos vimos você ainda era uma criança e eu a irmã mais velha. Hoje eu te encontro desse tamanho, levo até um susto . Te encontro com uma bengala, – acho que você andou se machucando por ai, mas vai ficar bom logo – também vejo um pára-quedas enorme e uma porção de coisas na mochila. Mochila essa que antes me parecia sempre vazia.  Será que você ainda lembra da história do pingo? Aquele pingo que na próxima curva iria escorrer, por algum motivo... Lembra? Eu lembro. Lembro dele todos os dias. Lembra da historia da casa? E de quando você disse: bem-vinda a porta de entrada? Kkkkkkkkkkkkkkkk Naquele momento eu não imaginava que iria entrar e bagunçar tudo aquilo novamente. Mas também fiz isso todos os dias. Lembra das lições que tínhamos que aprender e do aprendizado mutuo? Oh, que ótimos alunos nós somos. Acho que aprendemos, um pouquinho a cada dia.
Eu repito “Oi menino” e percebo, finalmente, que não és mais aquele menino de antes. Nem eu sou a irmã mais velha. Percebo também que ta chovendo há algum tempo e existem vários pingos escorrendo, percebo que essa casa passou por uma reforma ou uma organização, sei lá. Percebo o quanto aprendemos e o quanto isso custou para cada um de nós. Eu aprendi muito com você, te agradecia mentalmente todos os dias. Talvez pra alguns notar tudo isso deveria ser motivo pra uma alegria tremenda, e eu não nego: estou feliz. Mas é um pedacinho só de mim. É que eu sou egoísta, lembra? Isso não mudou, infelizmente.
“Ei moço, aqui está a chave. Organizei tudo o que podia, mas cometi diversas falhas. Desculpa. Cruzei todos os dedos que pude pra lhe mandar boas energias e vou continuar cruzando. Eu vou continuar escutando as mesmas músicas que é pra tudo não se apagar de vez, mas acho que tudo isso ta acontecendo tão rápido que se eu demorasse mais um pouco eu não teria a chance de te dizer: tchau. Então estou dizendo, antes que pare de chover e o ultimo pingo escorra  - Boa sorte.”
[ Eu não queria te falar nada disso, nem queria que você me perguntasse nada sobre isso. Mas eu precisava escrever e tinha que ser aqui.]

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